O
ANALFABETISMO FUNCIONAL
Por
Paulo Botelho
O
Analfabetismo Funcional constitui um problema silencioso e perverso que afeta
as empresas. Não se trata de pessoas que nunca foram à escola. Elas sabem ler,
escrever e contar; chegam a ocupar cargos administrativos, mas não conseguem
compreender a palavra escrita. Bons livros, artigos e crônicas, nem pensar!
Computadores provocam calafrios e manuais de procedimentos são ignorados; mesmo
aqueles que ensinam uma nova tarefa ou a operar uma máquina. Elas preferem
ouvir explicações da boca de colegas. Entretanto, diante do chefe - isso quando
ele é mesmo um chefe - fingem entender tudo, para depois sair perguntando aos
outros o que e como deve ser realizado tal serviço. E quase sempre agem por
tentativa e erro. O meu caro leitor deve estar imaginando que esse problema
afeta apenas uma parcela mínima da população. Não é verdade. Calcula-se que, no
Brasil, os analfabetos funcionais somem 70% da população economicamente ativa.
No mundo todo há entre 800 e 900 milhões deles. São pessoas com menos de quatro
anos de escolarização; mas pode-se encontrar, também, pessoas com formação
universitária e exercendo funções-chave em empresas e instituições, tanto
privadas quanto públicas! Elas não têm as habilidades de leitura compreensiva,
escrita e cálculo para fazer frente às necessidades de profissionalização e
tampouco da vida sócio-cultural.
A
queda da produtividade provocada pela deficiência em habilidades básicas
resulta em perdas e danos da ordem de US$ 6 bilhões por ano no mundo inteiro.
Por que? Porque são pessoas que não entendem sinais de aviso de perigo,
instruções de higiene e segurança do trabalho, orientações sobre processo
produtivo, procedimentos de normas técnicas da qualidade de serviços e negligência
dos valores da organização empresarial. Eis aí o "Calcanhar de
Aquiles" de tantas organizações: Declaração e Prática de Valores. E o que
são esses Valores? São crenças e princípios que orientam as atividades e
operações de uma empresa, independente de seu porte ou ramo de atividade. Seus
dirigentes devem mostrar, na prática, que os sistemas, procedimentos e atitudes
comportamentais são respeitados e coerentes com os valores estabelecidos em
função de seus clientes e da ética dos negócios. Se não for assim, os
resultados serão desastrosos. Quem não se lembra de manchetes de jornais
mencionando "problemas inesperados" que abalaram a imagem de
tantas empresas? Um defeito no chip Pentium da Intel levou-a a substituir
o produto no mercado. Um número desconhecido de cápsulas de
Tylenol contaminado com cianureto mata oito pessoas nos Estados
Unidos; a Johnson & Johnson retira todos os frascos do mercado
americano e tem um prejuízo de US$ 100 milhões! Alguém tem dúvida de que
tais exemplos, entre tantos, não sejam efeitos da ignorância?
Para
que o analfabetismo funcional se erradique só existe uma saída: educar e
treinar para a qualidade. E qualidade não tem custo; é investimento. O custo da
qualidade é a despesa do trabalho errado, mal feito, incompleto, sem
profissionalismo. É o custo do analfabetismo funcional!
Disponível
em: http://www.guiarh.com.br/z3.htm
Acessado em: 17-04-2014.
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